sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Fendas da Humpata, Angola

Depois de explorarmos cerca de 1km de rede, parecia que tínhamos esgotado as possibilidades de encontrar a continuação. Num canto, enquanto se procedia ao levantamento topográfico, reparamos numa pequena estreiteza sob os nossos pés. Averiguamos e parecia continuar.

Um pequeno túnel bastante sinuoso parecia querer desafiar a malta. Enfrentamo-lo, mas com grande cautela. Era muito longo, estreito e sinuoso e, se não conseguíssemos dar a volta ao corpo no fim, podia ser muito complicado voltar a sair dali.

Mas compensou, no fim do túnel e apenas com uns arranhões nas costas, conseguimos dar a volta ao corpo e detectar a continuação da rede. Estava apenas ligeiramente obstruída por areia, perfeitamente transponível depois de uma desobstrução.


segunda-feira, 4 de outubro de 2010

História de Pedras

Pessoas instruídas há muitas; pessoas instruídas e inteligentes, menos; muito menos ainda, pessoas que, além da instrução e da inteligência, têm faro!

Tenho uma grande admiração e respeito por essas pessoas pois são raríssimas.

Honro-me de conhecer algumas e vejo-me obrigado, em favor da precisão desta história, a nomear uma. Trata-se do professor Félix Trombe, montanhista e espeleólogo experimentado, sempre cheio de ideias geniais. Era quase inevitável que ele estivesse na base de uma descoberta que vos passo a contar e de que participei.

Há uns anos atrás, Félix Trombe, sempre ávido de pesquisa e amante do mundo subterrâneo, embrenhou-se na gruta de Rieusec. Aquela gruta, situada no maciço de Paloumére, na vertente de Henne-Morte, há muito que o atraía. Apesar de imensa, Trombe conhecia-a até aos mais pequenos recantos.

Logo à primeira vista avaliara o interesse daquela gruta que, aos seus olhos, não era como as outras.

Ele mesmo escolheu e extraiu, de entre várias toneladas de pedras, aquelas que lhe pareceram diferentes de todas as outras. Muitos outros espeleólogos e investigadores visitaram aqueles lugares sem que nada tivessem notado de particular.

Trombe, ao regressar a Paris, confiou uma amostra dos calhaus a um químico a fim de saber de que se tratava. O calhau que não foi utilizado nas análises foi-lhe devolvido com um relato sumário. A pedra não tinha qualquer interesse, tratava-se de calcite vulgar, idêntico ao que se encontra em todas as grutas.

Mais admirado que decepcionado, o professor guardou o calhau outra vez, não se decidindo a separar-se dele. Meteu-o no fundo de uma gaveta, convencido de que um dia qualquer coisa se haveria de revelar.

Passou o tempo. Cada um de nós sente, de vez em quando, a necessidade de arrumar as gavetas. Foi assim que Trombe redescobriu o seu querido calhau, amostra mineral.

Entregou-o ao seu assistente, pedindo-lhe para examinar a pedra quando tivesse tempo.

Fez-se o exame. Como Trombe previra, a pedra tinha enorme interesse científico.

Conforme o garantiam as análises feitas no laboratório de terras raras de Bellevue, jamais se vira calhau igual. Continha uma multidão de produtos interessantes e tinha, ademais, a particularidade de apresentar um espectro exactamente igual ao das pedras trazidas da lua.

Estranha coincidência: como é que sucedeu ter esta pedra terrena feito a sua aparição no mundo científico no momento em que se encontravam iguais na lua?

Em resumo, era urgente fazer uma expedição científica àquela gruta. Fui encarregado de organizar a parte material da expedição.

Há uns anos penetrei numa loca que um pastor me indicou. Como a fauna que ali havia era interessante, voltei.

Para caçar os cavernícolas existentes na loca, tive de levantar, uma a uma, as pedras encravadas no chão.

Algumas pareceram curiosas. Não conheço nada de pedras e detesto encher a mochila com elas, sobretudo quando é preciso sair do fundo de um poço por uma frágil escada. E as pedras, além disso, não são a minha especialidade, pensei. Todavia enchi o saco. Não pensem que isto tenha qualquer relação com o que disse no inicio da narrativa. Tratava-se precisamente do contrário e isto prova que se pode atingir o mesmo fim por caminhos distintos.

Foi só por causa da minha ignorância e da minha curiosidade de pega que recolhi os calhaus em questão. Nunca tinha visto outros iguais em nenhuma das minhas centenas de explorações. Devido a tal experiência é que as assinalei. Aquelas pedras agradavam-me e queria saber o que eram. Levei-as ao laboratório e apresentei o meu achado a um geólogo que as considerou vulgares, sem interesse, boas para deitar fora. Não me rendi àquela solução radical e a minha audácia foi até ao ponto de as colocar numa vitrina da sala de entrada juntamente com outras amostras trazidas anteriormente, esperando que um dia, alguém, de passagem, lhes prestasse atenção.

Mas, francamente, não tive sorte nenhuma, ninguém olhava para elas. Apesar de bem apresentada, a minha mercadoria não encontrava comprador. De vez em quando tentava fazê-las sobressair no meio de cristais mais bonitos, mas cada tentativa resultava num fracasso e mortificação.

Um dia, com grande estupefacção minha, a mulher da limpeza foi intimada a desocupar as vitrinas para uma nova exposição. Tinham-me feito uma partida. «Acabaram-se todas estas porcarias sem interesse», disse a mulher, «deitei-as ao lixo.»

Naquela altura apeteceu-me deitar a casa abaixo.

Que não admirassem as minhas pedras, vá que não vá, mas deita-las ao lixo! Pedras preciosas que tinha carregado às costas, era o cúmulo! Encontrá-las-ia, havia de guarda-las e, se preciso fosse, guardá-las-ia debaixo da cama! Assim fiz, ou quase. Coloquei o precioso conteúdo do lixo numa caixa e guardei.

Entretanto efectuou-se a expedição à gruta de Rieusec, a qual forneceu uma grande quantidade de ensinamentos, embora seja ainda muito cedo para fazer um balanço, uma vez que estão em curso as análises, mas sabe-se que esta descoberta abre grandes perspectivas a várias pesquisas. Paul Caro, assistente do professor Trombe e também espeleólogo experiente, pediu-me, no decorrer daquela expedição, que no caso de eu ter encontrado pedras semelhantes às de Rieusec, lhas enviasse.

Pensava ele pregar-me uma partida e apanhar-me desprevenido, mas não era em vão que me chamavam o coca-bichinhos da espeleologia. Respondi-lhe, para seu espanto, que de pedras como aquelas tinha eu um caixote cheio na minha casa de banho e as guardava preciosamente há dez anos.

Se nas análises se revelassem iguais às de Rieusec, então diria onde as encontrara!

O jazigo destas pedras lunares estende-se, actualmente, por mais de trinta quilómetros.

Outras se hão-de encontrar, estou certo disso; agora toda a gente as vai descobrir!

Para mim pretendo encontrá-las de outra espécie, como as que serão trazidas de Marte, dentro de algum tempo, e que felizes acasos farão descobrir na Terra.

Os meios técnicos de investigação progridem incessantemente. Se o que ontem não tinha interesse o tem hoje, deve-se exclusivamente ao facto de terem aumentado as possibilidades de investigação, porque ninguém muda neste mundo.

Em tal caso não se trata de uma descoberta pessoal, mas de descobertas feitas por todos aqueles que, nós trazemos as pedras, trabalham na elaboração de novos aparelhos de análise.

Cada um no seu campo, pelo seu trabalho, contribui para se atingir um todo imprevisível.

Esta é a bela e misteriosa aventura da investigação científica. As descobertas não têm interesse se não pelos problemas que desencadeiam.

O progresso científico não resulta se não for uniforme em todos os seus domínios, pois tarde ou cedo, se qualquer deles for negligenciado, esta falta deita por terra todos os demais êxitos.

A espeleologia é, incontestavelmente, uma trave mestra na investigação futura.

Transcrição do livro de Michel Bouillon “Descoberta do Mundo Subterrâneo”, pag. 94-97 ano 1972.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Espeleologia - Exploração e Comportamento

Preparar uma exploração de ponta deve implicar uma pesquisa prévia sobre a zona onde está inserida, sobre a história do lugar e, acima de tudo, das explorações anteriormente realizadas. A Exploração é um acto em que nunca podemos prever em concreto o seu resultado final sendo, por isso, difícil precaver todas as situações.

[1] Este facto autêntico passou-se numa gruta dos Pirenéus da região de Áriège, bem conhecida dos pré-historiadores: guarda estátuas de argila únicas no mundo e a sua descoberta deve-se a uma sorte extraordinária.

Durante uma expedição cuja finalidade era o levantamento de gravuras das paredes de um divertículo da gruta, os filhos do conde Begouen descobriram uma passagem extremamente estreita que parecia dar acesso a uma série de galerias. Após várias horas de esforços, conseguiram alargar a passagem obstruída por concreções estalagmíticas e penetraram numa vasta e comprida galeria belamente concrecionada. O seu trabalho de pré-historiadores consistia em examinar conscienciosamente as paredes a fim de descobrir, se fosse possível, quaisquer novas pinturas ou gravuras. As delicadas e difíceis observações foram negativas e, pesarosos por aquele resultado decepcionante, caminharam lentamente até ao extremo da gruta que terminava em fundo de saco.

Como é regra em semelhantes casos, cada um deles escolheu um lado da galeria e os dois irmãos esperavam encontrar-se no fundo quando, estupefactos, tiveram de parar mesmo no último instante para não esmagar três bisontes esculpidos na argila, coisa até então desconhecida e que continua a ser única no mundo!

Foi grande o espanto, enorme a emoção. Refeitos da estupefacção, examinaram mais de perto aquele conjunto nada vulgar, dando voltas ao redor para melhor observarem todas as formas, e partiram logo a seguir para avisar o pai e os amigos que, sem quererem acreditar, foram imediatamente ver e admirar aquela descoberta extraordinária. Maravilhoso, direis. Sem dúvida, mas aquela descoberta sensacional não deu todos os resultados que se poderiam ter registado se tivesse sido feita nos nossos dias, pois espeleólogos experientes teriam agido diferentemente e não se lamentariam depois por não terem pensado naquilo que poderiam ter acrescentado à sua descoberta.

Ao redor dos bisontes, no chão, encontrar-se-iam, certamente, vestígios de pegadas, as quais permitiriam acompanhar as deslocações dos escultores ou dos oficiantes de cenas de magia e talvez, como aconteceu noutros lugares, determinar o seu número, idade…

Talvez houvesse também, no chão, sinais mágicos, como se encontraram seguidamente noutros locais da mesma gruta, mas certamente de menor importância do que aqueles que se poderiam ter encontrado naquele local especialmente escolhido para colocar as estátuas. Não restavam, portanto, para estudar, senão aquelas esculturas de bisontes. Mas que será feito dos vestígios da presença humana esmagados pelas sólidas botas dos exploradores?

Como é que se pode pensar em tudo?

Ainda que não esperemos fazer descobertas raríssimas, devemos manter uma atenção permanente e qualificada, pois elas podem surgir aos nossos olhos, de um momento para o outro, no mais profundo de uma caverna.

Muito mais culpados são os que, por negligência, antes de penetrarem numa gruta conhecida, omitem informar-se acerca do que foi descoberto pelos seus predecessores.

Assim foram esmagadas, por aqueles mesmos que as procuravam, as moldagens e gravuras no solo que faziam da gruta de Montespan um valioso lugar da pré-história.

Uma tal ignorância é criminosa, pois nestes casos não há a desculpa da surpresa.

[1] Transcrição do livro de Michel Bouillon “Descoberta do Mundo Subterrâneo”, pag. 13 e14 ano 1972.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

O Nascimento da Espeleologia Moderna

A primeira travessia subterrânea é realizada na região francesa dos Grands Causses, na gruta de Bramabiau, próxima da localidade de Camprieu, e com este acto nasce a espeleologia moderna decorria o ano de 1888.

Na época, este local atemorizava os camponeses locais que acreditavam que aí habitavam espíritos transtornados: foi com desdém que receberam a estranha caravana que acompanhava os exploradores pioneiros liderados por Edouard-Alfred Martel.

Martel visitou pela primeira vez a região no ano de 1883 e rapidamente se sentiu atraído pelas suas belezas cársicas. Viria a regressar depois com o intuito de a explorar. Conheceu então um capataz chamado “Poulard” que lhe falou e conduziu, um ano mais tarde, à entrada do fenómeno de Bramabiau, atractivo mas muito intrigante e inviolado.

Passaram quatro anos, Martel resolve enfrentar os seus temores e realizar o seu sonho inconsciente: atravessar a meseta de Camprieu.

Numa Quarta-Feira, a 27 de Junho de 1888, Martel e Marcel Gaupillat acompanhados por Claude Blanc, Émilie Foulquier e Auguste Parguel iniciam a exploração subterrânea às cascatas de Bramabiau.

Com o auxílio de um pequeno barco desmontável penetram pela saída da gruta, cerca de 800m, até à segunda cascata e ficam detidos neste ponto, intransponível para o barco.

No dia seguinte, às 8 horas da manhã, tentam descer as cascatas. Entram pela grande entrada da “Felicidad” e penetram no desconhecido: no local onde as águas se perdem.

Por volta das 10 horas, depois de percorrerem vários corredores e salas, chegam a um rio que inevitavelmente têm que percorrer por dentro de água. Martel, Blanc, Armand e Foulquier continuam sós a exploração e ao fim de mais 1 hora de difícil progressão, chegam à cascata onde haviam ficado detidos no dia anterior.

Depois de descerem a cascata, Foulquier reconhece os seus próprios rastos, segue-os e pouco depois chega à saída de Bramabiau, 90 metros abaixo do nível de entrada da “Felicidad”.

Martel e a sua equipa tinham conseguido realizar a enorme façanha: pela primeira vez na história da humanidade uma travessia subterrânea era concretizada. Este acto foi para Martel o seu primeiro grande descobrimento e para a espeleologia moderna, o seu nascimento.



quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Expedição Áustria 2010


Pois é, passou mais um ano e o CEAE está de novo na Expedição Internacional em Loferer Schacht.

Este ano os objectivos centram-se em ultrapassar os 10.000m de galerias topografadas, localizar uma saída para o exterior ao nível das galerias inferiores e transformar num -1000m a gruta que, actualmente, tem 800m de profundidade.

A equipa deste ano não será exactamente a mesma do ano passado, alguns de nós, por motivos de força maior, não poderão estar presentes ou descer à caverna, eu sou um deles…

Assim, uma das percas deste ano será a recolha de imagem de vídeo da expedição no entanto, talvez se consiga uma boa recolha de fotografia 3D.

Deixo, no entanto, aqui um pequeno trailer da Expedição de 2009, vídeo que espero que esteja terminado ainda este verão.



Pode-se consultar a topografia da gruta em: http://www.caverender.de/davhgffm/davhgffm.htm#Plaene

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Expedição Angola 2010


Momentos para não mais esquecer...
Até para o ano!

domingo, 25 de julho de 2010

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Expedição Angola 2010


Amigos, por dificuldades em aceder com alguma regularidade à Net, temos vindo a actualizar o nosso diário  da expedição através do Twitter no site da Federação Portuguesa de Espeleologia.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Expedição, Angola 2010

Tá no ir!

África é em larga medida um continente praticamente desconhecido no que concerne ao meio subterrâneo. Um pouco por todo o continente, e em particular em Angola, existem fortes indícios de grandeza patrimonial subterrânea.
"Morro maluco"
Com a paz instalada há alguns anos foram criadas as condições básicas para a exploração espeleológica e consequentemente, com o seu êxito, para a revelação do mundo oculto que se esconde em mistério debaixo dos nossos pés, nesta região em particular.

Angola apresenta grandes áreas cársicas como são os casos de Nova Caipemba a Norte e do Planalto da Humpata a sul, no entanto, não existe qualquer base de dados ou listagem sobre o património espeleológico, desconhecendo-se por isso o seu número e qualidade.

Das várias áreas cársicas pesquisadas, a região do planalto da Huíla foi a que mais interesse suscitou por várias razões: o facto de as guerras pouco terem afectado a zona Sudoeste da província, diminuindo em muito o perigo de contacto com minas; o facto da cadeia marginal de montanhas se situar a uma altitude superior a 1000m; o conhecimento de algumas cavidades; e o acolhimento hospitaleiro das suas gentes.

Com base no estudo das áreas cársicas angolanas, encontramos no trabalho realizado pelo Prof. Ilídio do Amaral, “Nota sobre o do planalto da Humpata (Huíla), no Sudoeste de Angola”, a melhor descrição para o nosso esclarecimento. Isto é, nas suas notas, o autor refere os calcários dolomíticos (Silúrico/Câmbrico) do planalto da Humpata, como não sendo formas espectaculares de superfície, em contrapartida as subterrâneas são ricas e variadas. Refere ainda, que a existência de abundantes linhas e áreas de fraqueza produzidas em particular pelos movimentos tectónicos, a par do padrão rectangular de juntas e planos de estratificação, favorece a penetração e circulação das águas no subsolo que, regra geral, têm acesso possível apenas através de poços profundos.

Parto então com os meus colegas, guerreiros do mundo subterrâneo, esperando que os documentos resultantes desta expedição venham a contribuir para a valorização e potencialização do conhecimento do Património subterrâneo já existente e do que venhamos a encontrar, acrescentando ao mesmo tempo mais-valia cultural e económica à região em particular e à nossa espeleologia em geral.
Até à próxima postagem já em África, sigaaaa!!!

terça-feira, 25 de maio de 2010

Lapa da Cova - Video Report

Brevemente...


Depois de alguns meses de exploração de uma gruta e de uma área com talvez o melhor enquadramento paisagístico deste país, depois das emoções à medida que os resultados iam aparecendo, depois da certeza que a Arrábida ficou cientificamente e culturalmente mais rica e antes da publicação dos resultados oficiais, realizamos um vídeo report que irá resumir os passos da concretização de campo deste fantástico projecto.
Confesso que já começo a sentir saudades e ainda não chegamos ao fim. É o que dá andarmos com uma equipa de exploradores que emanam da semente do companheirismo, amizade e humildade, trabalhando todos para o mesmo objectivo e quando assim é... até parece fácil.
Obrigado companheiros!

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Memórias...

Entrada da Gruta da Grande Falha

Bivaque, na exploração da Gruta do Frade

Prospecção junto à costa

À passagem na entrada da Gruta do Frade

Prospecção na Serra do Risco

Bandeira na Gruta do Frade

Rapel na Gruta Garganta do Cabo

Após uma exploração de cinco dias em Loferer Schacht

Numa galeria lateral à entrada da Gruta de Loferer Schacht


Formação- Lapa da Janela I

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Curso Nível III- As Toupeiras

Entre spitagens e nós de oito a malta divertiu-se bem gozando os momentos. Estes, que de outro modo ficariam esquecidos, ficaram aqui registados pela lente da câmara de vídeo. Houve outros, normalmente de situações engraçadas, que quando nos encontramos gostamos de relembrar.

Lembro-me de numa daquelas tardes, quando ensaiávamos situações de espeleosocorro, ver a chegar, meio cambaleante e com um “galo” na cabeça, o Timóteo que me disse: – Pá, aquele Quim ia-me matando. Escapou-lhe a mão e “bumba!” em cheio na minha cabeça. Só lhe disse – Quim, tira-me daqui!

O Quim e o Timóteo que ensaiavam auto-resgate, eram cobaias um do outro, e quase que testavam era a eficácia do 112, eh, eh.

Foi um curso muito interessante, coisas que quem lá esteve se recorda e que hoje fazem parte da nossa memória de bom convívio colectivo.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Destino

Acordo como os pássaros cativos,

Com a ária da vida nos ouvidos.

Acordo sem amarras nos sentidos,

Fiéis à sempiterna liberdade...

Nada pôde vencer a lealdade

Que juraram à deusa aventureira.

Nem as grades do sono, nem a severidade

Da noite carcereira.


Acordo e recomeço

O canto interrompido:

O desvairado canto

Da ira irrequieta...

- O canto que o poeta

Se obrigou a cantar

Antes de Ter nascido,

Antes de a sua angústia começar.

Miguel Torga

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Adeus Daniel...


Faleceu o Daniel, o nosso benjamim…

Só tinha vinte aninhos!!

Não pergunto porquê, porque sei que ninguém consegue responder… simplesmente a vida tem destas coisas. Não escolhe, não selecciona, não ajuíza, simplesmente é implacável!

Ainda agora, nas nossas saídas de campo, brincava contigo, ria contigo, te dava incentivo para continuares connosco, porque a tua juventude, a tua humildade e carácter, faziam de ti uma pessoa muito querida entre nós: eras o nosso benjamim…

Qual será o sentido desta vida amigo? Diz-me agora tu, diz-me tu, se é que existe verdadeiramente alguma coisa para lhe dar sentido.

Um grande adeus ou um até já meu amigo.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

VIII Curso de Espeleologia - Nível III



Pois é, já lá vão quase 4 anitos após a realização do VIII curso de Espeleologia Nível III organizado pela FPE - Federação Portuguesa de Espeleologia. Foi um curso com uma boa participação e onde, para além dos conhecimentos demonstrados e adquiridos, se fortaleceu amizades entre pessoas e associações presentes.

Não posso deixar de confessar que me deixaram saudades aqueles dias de trocas de experiências, de convívio entre pessoas com as suas diferenças mas todas interessadas no mesmo fim.

Assim, esta postagem é uma homenagem a todos os que participaram, alunos e monitores, neste evento. Com a sua insistência, a FPE, vai gerando espeleólogos que, moralmente, tem a obrigação e, diria mesmo, dever de escrever o presente e futuro da qualidade da nossa espeleologia.

Um forte abraço a todos nós e… onde andam vocês?

quarta-feira, 7 de abril de 2010

segunda-feira, 1 de março de 2010

Travessia Sima del Cueto – Cueva Coventosa

Durante a semana da travessia, no albergue onde pernoitamos, lá fomos ouvindo histórias de incursões que correram mal contadas pela boca da simpática proprietária do sítio. Com toda a certeza, ouvi-las não ajuda lá muito bem à preparação psicológica que é preciso ter para vencer esta mítica travessia.

A imensidão subterrânea não dá espaços a enganos ou a faltas de acautelamentos, qualquer situação de emergência deve ser resolvida pela própria equipa e quando esta não a consegue resolver, então está mesmo metida em sarilhos.

A preparação é de facto fundamental, facilmente se gasta mais de 25 horas desde a marcha de aproximação até à realização efectiva da travessia e os números deste sistema cavernícola são impressionantes: são 815m de profundidade máxima, 32.529m de desenvolvimento, um poço directo de 302m, uma sala com 11.000m2 e um rio subterrâneo com mais de 30km.

Na manhã do dia 3 de Junho, enchendo o peito de coragem, saímos cedinho do nosso albergue e pelas 6:30h chegamos à localidade de San Juan de Socueva onde deixamos o carro.

Com o sol a nascer, iniciamos a marcha de aproximação montanha acima. Foram necessárias cerca 3,5h para vencer o desnível até aos 980m onde se situa a boca de entrada da gruta, aí equipamo-nos e esperamos um pouco que a transpiração da subida secasse para depois iniciar a travessia.



Foi com assombro que me pendurei sobre o grande poço de 300m directos. Esperava-nos, depois de chegar à base de 581m que somam a totalidade da vertical, um percurso de 6,7km com as mais variadas exigências técnicas e físicas. Só aqui, no poço directo, gastaríamos 3 horas para desce-lo e ainda o percurso não era nada. Doía-me o pulso de passar tanto tempo a pressionar o descensor.

Depois dos fabulosos poços chegamos à majestosa Sala das Onze Horas onde me impressionou, entre outras coisas, o facto de haver blocos rochosos quase do tamanho de autocarros; foram praticamente escalados.
Éramos quatro, bem fisicamente, e isso foi o nosso melhor trunfo para seguir em frente. Atravessamos a chamada rede intermédia com galerias maravilhosas e forradas com formações de gesso.

As horas foram-se passando e o cansaço foi-se acumulando até que chegamos à rede da Coventosa. Aí esperava-nos três grandes lagos com 150, 120 e 100m com a água tão gelada que parecia que nos ía estalar os ossos.
Apertados pelo neoprene dos fatos e moídos pelo cansaço lá gastamos mais 3 horas até alcançar a saída. Tinham passado 15 horas desde a nossa entrada, restava-nos agora a marcha até ao carro.



Passos na História

1954 e 1966
Entre os anos de 1954 e 1956 os grupos franceses do Spéléo-Club de Dijon e Spéléo-Club de Paris, exploram os principais meandros da Coventosa.

1968
Os mesmos grupos, através de uma indicação dada por pastores, chegam à entrada da Sima del Cueto e pouco depois alcançam a base do poço, a 300m de profundidade.

1979
A partir do ano de 1968 as explorações prosseguem para unir as duas redes, sendo esse objectivo atingido em 1979 com a participação do Spéléo Grenoblois du Caf.

Ainda em 1979, o Spéléo-Club de Dijon mergulha no sifão e une-o com a rede de entrada da Coventosa.

O vídeo integral pode ser descarregado, nas versões Windows Media, DVD e Blu-Ray, na secção de vídeos do site http://www.lpn-espeleo.org/

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Lapa da Cova

Preliminary report: the first month
por Manuel Calado